Pensei muito antes de escrever esse artigo. Na verdade antes de escrever não, porque ele já estava escrito há alguns dias dentro de algum lugar do meu cérebro, mas pensei muito antes de publicar. Pensei… com medo de ser julgada, mal interpretada e até desrespeitada no meu lugar de livre escrita. (é raro mas acontece muito rs com outras pessoas). Mas acredito na comunicação, que é um dos pilares do S do ESG, como agente transformador e a ignorância, como falta de conhecimento, ainda demanda que temas como esse sejam esclarecidos em seus conceitos originais e aí, resolvi colocar o elefante na mesa, mesmo sabendo das consequências muitas vezes non gratas rs que virão.
Para quem não sabe, sou especialista em Gestão Social e Desenvolvimento Sustentável desde 2009 (sim em 2009 já existia especialização nesta área sem nenhuma co-relação entre direita e esquerda, sempre é bom esclarecer rsrs). Seguindo…fiz minha especialização em Curitiba (capital da sustentabilidade no Brasil) e é sempre bom lembrar que quem implementou os conceitos de sustentabilidade, parques para solucionar os alagamentos, destinação de resíduos, modelo de transporte público e a maioria das iniciativas sustentáveis de Smart City transformando-a em referência mundial, era um político de direita experiente e habilidoso que se adaptou às diferentes conjunturas políticas ao longo de sua carreira.
Voltando… também sou Certificada Internacionalmente em Gestão de Projetos de Desenvolvimento Social e de Sustentabilidade, busquei essa certificação já morando aqui no MT, com metodologia pragmática e séria para implantação de projetos que busquem a redução do impacto de empresas… (mas não era sobre isso que eu queria falar).
Quero falar sobre isso:
Primeiramente, a ideia de considerar impactos sociais e ambientais nas operações empresariais não é algo novo ou restrito a uma agenda política. Na verdade, o conceito de responsabilidade social corporativa (RSC) existe há décadas, com empresas reconhecendo a importância de contribuir positivamente para as comunidades onde operam e minimizar seu impacto ambiental.
Um exemplo é o Triple Bottom Line, introduzido por John Elkington na década de 1990. Esse modelo propôs que as empresas avaliassem seu desempenho com base em lucros financeiros, em impactos sociais e ambientais. Esta abordagem tem sido adotada por empresas líderes em todo o mundo, independentemente de sua posição política.
Um estudo recente da Harvard Business Review ( referência internacional e não de universidades públicas brasileiras nada contra, ao contrário, mas apenas para rebater os críticos), descobriu que empresas que priorizam práticas sustentáveis e sociais tendem a ter uma vantagem competitiva (lê-se livre concorrência) significativa, incluindo maior inovação, maior lealdade do cliente e maior retenção de funcionários. Esses benefícios não são ideológicos, mas sim resultantes de uma abordagem de negócios que reconhece a interconexão entre o sucesso econômico e o bem-estar social e ambiental.
O ESG mesmo, veio só em 2004, quando o secretário geral da ONU, fez um desafio aos presidentes das 50 maiores instituições financeiras do mundo para abraçarem a causa social e ambiental, já que o poder de realizar mudanças significativas mundiais está intimamente ligado ao dinheiro. Então, foi criado um documento “Who Cares Wins” que reflete a ideia de que empresas que se preocupam com questões sociais e ambientais são as que obtêm sucesso a longo prazo. Esse documento destaca que empresas socialmente responsáveis têm um papel crucial na promoção do desenvolvimento sustentável e na mitigação dos desafios sociais e ambientais enfrentados pelo mundo hoje.
Embora seja verdade que, em todo lugar e a todo momento, algumas pessoas possam tentar associar o ESG a ideologias específicas, como o comunismo, isso não reflete a natureza dos critérios ESG ou de suas práticas. Na verdade, essas tentativas de politizar o ESG são mais uma distorção da realidade (na minha opinião, a mesma perigosa distorção que muitas pessoas se “enfiaram” ao polarizar tudo na sua vida). O ESG não é exceção a essa realidade, há sempre a possibilidade de indivíduos ou grupos interpretarem e utilizarem diferentes conceitos de mercado e até pautas aleatórias para promover suas próprias agendas políticas.
Os critérios do Triple Bottom Line, da Responsabilidade Social e Ambiental Corporativa, ESG (ou qual outra linha teórica que surgir e você quiser utilizar na sua empresa) são destinados a promover práticas empresariais responsáveis e sustentáveis, independentemente de qualquer inclinação política. E a implementação bem-sucedida desses princípios, resultam em uma série de vantagens tangíveis, como: maior eficiência operacional, melhor gestão de riscos, engajamento, redução de turnover e consequente valor para o mercado ou para os acionistas.
ESG não é uma pauta de direita ou esquerda, é uma questão de bom senso e responsabilidade. Eu, na Namaskar – Comunicação & Projetos ESG, atuo especificamente com o S do ESG ou o Campo Social do Triple Bottom Line, ou a Responsabilidade Social Corporativa Interna e Externa e sempre nas consultorias faço a primeiras perguntas:
- Você, sendo funcionário da sua empresa ou indústria, como gostaria de ser tratado?
- Você, morando na sua fazenda, gostaria de dormir no dormitório que oferece? Comeria a comida que você serve?
E mais uma série de perguntas de reflexão, que tendo bom senso e vontade de fazer diferente, o empresário ou proprietário entende rapidinho que não se trata de politização e sim de responsabilidade de desenvolvimento e empatia por aqueles seres humanos que convivem conosco e trabalham para que nossas empresas prosperem.