Vocês tem notado, que estamos inseridos em um ambiente de negócios cada vez mais voltado para o desenvolvimento sustentável? Talvez a realidade de estados longe do eixo sul, sudeste ainda seja distante do ranking de competitividade dos estados, onde o Paraná por exemplo, liderou no índice de sustentabilidade, mas a verdade é que já são muitas as empresas estão buscando integrar práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) em suas operações. Ao mesmo tempo, os gestores enfrentam um desafio contínuo: manter-se competitivos em mercados dinâmicos. Neste cenário, não precisamos inventar a roda rs, uma ferramenta clássica da análise estratégica, como As Cinco Forças de Porter, amplamente conhecida e divulgada pode ser um guia valioso para entender como as práticas ESG influenciam a competitividade.
Saindo um pouco do tradicional formato de artigos aqui do linkedin vou apenas citar cada uma delas e explicar como essas abordagens se conectam e trazer exemplos de como podem ser aplicadas a indústrias, empresas e propriedades rurais:
1. Ameaça de Novos Entrantes
As práticas ESG não são apenas uma obrigação regulatória ou uma tendência de marketing, mas uma forma eficaz de proteger o mercado e garantir crescimento sustentável. Em alguns setores de produtos finais e não commodities por exemplo, os valores de mercado de ativos ambientais e sociais já foram destravados e essas marcas conseguem se beneficiar com valor agregado de preço final, ou ainda incentivos em formato de juros, tipos de financiamento e outros benefícios que, aquelas empresas que ainda estão tentando se adaptar as práticas de desenvolvimento sustentável, podem enfrentar grandes dificuldades para se estabelecer em setores onde os padrões ESG já são bem elevados tanto nacional como internacionalmente.
2. Poder de Barganha dos Fornecedores
Recentemente em nossa região atendemos um caso, onde uma empresa local, para atender uma ampla concorrência da Rumo Transportes, como diferencial competitivo, precisou montar um planejamento estratégico e tático de ações ESG ligados ao objetivo organizacional da empresa. Essas grandes empresas que já priorizam sustentabilidade em sua cadeia de suprimentos sempre vão escolher fornecedores que atendam a critérios de governança, ambientais e sociais. Esse exemplo mostra como a adoção de práticas ESG pode moldar a dinâmica de poder entre empresas e fornecedores. Se a sua empresa participasse dessa concorrência, será que você estaria apto à atende-los? A Nestlé é outro exemplo, de uma das maiores empresas de alimentos do mundo que tem adotado uma estratégia ESG ambiciosa, com foco em práticas agrícolas sustentáveis e responsabilidade social em sua cadeia de suprimentos. Um de seus principais compromissos é garantir que o cacau e o café que utiliza sejam adquiridos de forma sustentável.
3. Poder de Barganha dos Clientes
A afirmação de que os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação às práticas ESG das empresas com as quais fazem negócios, já virou quase senso comum, e como mostrado mais acima, muitas empresas já conseguiram destravar os valores financeiros destes produtos, conseguindo aumentar o valor final, porém do outro lado da afirmativa, existem outros estudos sérios de que o consumidor não quer pagar mais por produtos sustentáveis. Isso significa que, cada vez mais precisa-se trabalhar aspectos de inovação, elementos de informação e conhecimento para que as empresas e indústrias possam surfar nessa demanda crescente por produtos e serviços mais responsáveis e transparentes de maneira que o consumidor entenda o posicionamento mais por mais.
4. Ameaça de Produtos Substitutos
Todo mundo conhece a frase do Wall Disney que diz: eu gosto do impossível porque lá a concorrência é menor. A inovação baseada em ESG pode reduzir significativamente a ameaça de produtos substitutos. Empresas que desenvolvem soluções ambientalmente sustentáveis ou socialmente responsáveis podem oferecer produtos diferenciados que, além de atenderem às expectativas dos consumidores, são mais difíceis de substituir por opções menos alinhadas com as práticas ESG. Como é o exemplo da Natura, com sua linha Ekos, que utiliza matérias-primas da Amazônia de forma sustentável e apoia comunidades locais, que há muitos anos é um diferencial em relação a produtos de cosméticos convencionais. Além de investir em aromas e fragrâncias que refletem o seu posicionamento, por isso substituir esses produtos por outro produto genérico seria difícil, pois a proposta de valor inclui não apenas a eficácia, mas também o impacto ambiental e social positivo.
5. Rivalidade entre os Concorrentes
Por fim, a rivalidade entre os concorrentes é diretamente afetada pela implementação de práticas ESG. Empresas que lideram em responsabilidade social e ambiental tendem a atrair mais investimentos, conquistar mais clientes e ter maior retenção de talentos. Isso gera uma diferenciação no mercado, que é essencial em setores altamente competitivos.
Um exercício que indico aos leitores é I=integrar as Cinco Forças de Porter à análise ESG para compreender como essas práticas impactam a competitividade no curto, médio e longo prazo. Seja em indústrias tradicionais, grandes corporações ou propriedades rurais, adotar uma abordagem estratégica baseada em ESG é um caminho para garantir resiliência e crescimento sustentável. O equilíbrio entre práticas ESG e competitividade se torna um caminho para o sucesso, afinal, as regras do jogo mudaram – e quem antes souber jogar de acordo com esses novos princípios estará melhor posicionado para vencer.